terça-feira, 7 de abril de 2009

"O CAMINHO DOS ÍNDIOS"


Discorreremos aqui um pouco sobre um personagem de grande importância para formação identitária do território baiano. O fato é que as discussões sobre reafirmar povos desfavorecidos historicamente, têm seu enfoque maior para a questão do negro e a “barbárie” que este povo sofrera no processo histórico. Na verdade, o que pretendemos aqui é lembrar o índio, este filho “legítimo” da terra que foi brutalmente dizimado por resistirem à ocupação estrangeira, mostrando que além de acarajé e dendê, nesse tabuleiro sócio-cultural tivemos a presença da tapioca também.


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A guerra de destruição ao Índio é denominador comum na história da ocupação do recôncavo, da qual resultou o despovoamento de nativos dessa região (SANTOS, 1948). Desse modo, o quadro geográfico geral sobre qual começaram a se formar as populações baianas é caracterizado pelo recuo dos índios para o interior, deixando o litoral, principalmente o recôncavo, despovoado de seus primitivos habitantes.

Todavia, com o avanço da colonização, a guerra de destruição ao índio não ficou restrita ao litoral. Os bandeirantes abriram caminho à colonização do interior, destruindo tribos e aprisionando índios. A Fig. 2, mostra as direções das principais entradas que nos séculs XVI e XVII iniciaram o povoamento do interior da Bahia.

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Fig.2 - Direções das principais entradas colonizadoras do Estado da Bahia (adaptado da 7ª edição do Atlas Histórico Escolar, publicação do MEC/FENAME, 1977)


Posteriormente, os caminhos antigos foram-se povoando lentamente e as malhas do povoamento na Bahia apertaram-se mais rapidamente que em qualquer outro lugar (ABREU, 1930). Aos poucos, a criação de Gado espalhava-se por quase todo sertão, e aqules índios apaziguados adaptavam-se bem aos serviços pastoril. Do cruzamento de ìndio com branco e das atividades pecuárias surgiu a figura sócio-antropológica do vaqueiro, caracterizada não apenas pela cor de sua pele, mas também pelo seu traje traje típico (DIEGUES Jr. , 1977). Ainda hoje, é conhecimento popular na Bahia, a não existência de vaqueiros pretos, tal a força da tradição mameluca na origem desses profissionais.


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Texto extraído do Artigo: Populações da Bahia: Genética e História. Autoria da Profa. titular da Faculdade de Medicina da UFBA, Eliane S. Azevêdo, 1982.

http://www.portalseer.ufba.br/index.php/universitas/article/viewFile/1262/845